Mulheres serão as mais prejudicadas com a reforma da Previdência

A reforma da Previdência do presidente Jair Bolsonaro prejudicará uma quantidade maior de mulheres do que de homens no que diz respeito às mudanças nas regras da pensão por morte e da carência para a aposentadoria por idade, segundo dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).  De acordo com o Dieese, em 2017, 62,8% das mulheres se aposentaram por idade, contra 37,2% dos homens, o que demonstra a dificuldade das seguradas em conseguir mais tempo de contribuição. No mesmo estudo, com dados de 2014, o Dieese diz que metade das mulheres que se aposentam por idade têm, em média, 16 anos de contribuição ao INSS. Do total de dependentes da pensão por morte, 83,7% são mulheres e só 16,3% são homens. Na proposta de reforma, novas pensões terão redução do valor. Em 2017, foram pagas 7,6 milhões de pensões, que correspondem a 27% dos benefícios previdenciários. Pensionistas no Regime Geral de Previdência Social recebem hoje 100% do benefício herdado. Ou seja, uma viúva de um aposentado cujo benefício era de R$ 2.000 terá direito ao mesmo valor de pensão. Com a mudança, a viúva ficaria com 60% do benefício e o restante seria distribuído em cotas de 10% por filho menor de 21 anos, até o limite de 100%. Caso a viúva não tenha filhos com esse perfil, um benefício de R$ 2.000 resultaria em uma pensão de R$ 1.200. A reforma também acaba com a possibilidade do acúmulo integral de pensão e aposentadoria. A proposta é ter o pagamento integral do benefício maior e a limitação em até dois salários mínimos do benefício adicional. As mulheres também são maioria entre os potenciais prejudicados pelo aumento da carência para a aposentadoria por idade, que passaria de 15 para 20 anos.