É hora de repensar o Brasil

Os grandes campeões das eleições municipais foram os votos brancos, nulos e abstenções. A soma dos votos inválidos e das ausências às urnas superou o primeiro ou segundo colocado na disputa para prefeito em 22 capitais, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral. Em São Paulo, as abstenções (1,94 milhão de pessoas), os votos brancos (367 mil) e nulos (788 mil) superaram a votalçai do candidato eleito João Dória (PSDB), que obteve 3,08 milhões de votos. 

Esses indicadores são um recado da população. Eles medem o desapontamento dos eleitores com a política brasileira atual. Se considerarmos as eleições de 2000, 2004, 2008 e 2012, a média de votos brancos e nulos girava em torno dos 7%. Neste ano, 13% dos eleitores de São Paulo votaram em branco ou anularam seus votos. Ou seja, quase o dobro do eleitorado. Já as abstenções, que ficava na casa dos 16%, pulou para 22% nessas eleições.

Esse sentimento de antipolítica exigirá dos sindicatos, dos movimentos sociais, associações e partidos políticos  a construção de uma frente ampla em torno de um projeto coletivo, com agendas de proteção contra o corte de direitos sociais  e a construção de reformas em âmbito municipal, estadual e federal orientadas para impulsionar processos de democratização política e social no país.