Idoso terá novo modelo de atenção à saúde

Tratar o idoso de maneira integral e não apenas com foco na doença. Esse é o objetivo do Projeto Idoso Bem Cuidado proposto pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).  Os pacientes com 60 anos ou mais representam 12,5% dos cerca de 50 milhões de usuários de assistência de saúde privada – no Brasil, há mais de 20 milhões de idosos e serão 65 milhões em 2050. Quase 90% têm algum tipo de doença crônica, como diabetes, hipertensão, artroses e câncer.

Uma das propostas é que o hospital e a emergência deixem de ser a porta de entrada do sistema de saúde, sendo substituídos por uma equipe funcional específica para atender os idosos. O objetivo é criar um registro eletrônico com seu histórico, que poderá ser acessado de qualquer lugar, evitando, por exemplo, a sobreposição de exames e medicações (que podem interagir entre si e causar danos).

O novo modelo traz níveis hierarquizados de cuidado com o paciente idoso, como acolhimento, núcleo integrado de cuidado, ambulatório geriátrico e cuidados complexos de curta duração e longa duração. Outra proposta é a contratação de um profissional responsável por conduzir e acompanhar a passagem do paciente pela rede de saúde, promovendo o diálogo entre prestadores e operadoras de forma que permita a portabilidade de dados essenciais em saúde. “O reconhecimento precoce do risco, a fim de reduzir o impacto das condições crônicas na funcionalidade, permite monitorar a saúde e não a doença, com a possibilidade de postergá-la”, afirma a diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira.

 

 País tem 1,4 mil geriatras

O Brasil tem aproximadamente 1,4 mil geriatras para atender em torno de 24 milhões de idosos (um para cada 17 mil). O número adequado, segundo a ANS, é de um geriatra para cada mil idosos. “Todo profissional da saúde precisa aprender sobre saúde do idoso na graduação. A maior parte da demanda dos idosos pode ser resolvida por um médico que não o especialista”, afirma presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), João Bastos Freire Neto.

Um dos reflexos desse déficit é que a maioria dos idosos não se trata com especialista em geriatria no dia a dia. Quando tem um problema, acaba indo ao clínico geral, ao cardiologista ou ao ginecologista.

“Um grande desafio é a falta de profissionais capacitados em saúde do idoso. Menos da metade das escolas de medicina tem no programa pedagógico a geriatria e a gerontologia”, diz Freire Neto. Para que ocorra uma mudança nesse cenário, no entanto, é preciso haver sensibilização por parte dos órgãos públicos, organizações não-governamentais e sociedade de uma maneira geral. O primeiro passo já foi dado.