CUT inicia seu Congresso debatendo a captura da democracia

Com 800 delegadas e delegados sindicais do Brasil e de diversas partes do mundo, foi inaugurado o Congresso Extraordinário e Exclusivo da CUT, em São Paulo. A mesa “A captura as democracias pelo capital” deu início ao ciclo de debates previstos para ocorrer a partir desta segunda-feira (28) até a próxima quinta-feira (31).

Compuseram a mesa neste primeiro encontro, o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, a secretária nacional de Política Social e Direitos Humanos da Central, Jandira Uehara, o jornalista Luis Nassif, o presidente da Confederação Sindical Internacional, João Felício, além do embaixador Samuel Pinheiro.

João Felício abriu o debate falando sobre o cerceamento da atividade sindical no momento em que a direita avança no mundo. “Na democracia, se não há sindicato livre, a democracia está capturada. Hoje, nós temos um governo que tem um profundo desprezo pela organização sindical, o que está se tornando comum no mundo. Hoje, raramente você vê um governo que estabeleça parcerias com as organizações sindicais, são subordinados ao capital”, lamentou o presidente da CSI.

O jornalista e economista Luis Nassif criticou a atuação da Operação Lava Jato no Brasil e lembrou que uma das formas de captura da democracia brasileira foi a parceria entre os agentes da Justiça de Brasil e EUA.

“A partir dos atentados de 2011, diversos setores de combate ao terror se uniram nos EUA. Porém, o que saiu desse grupo foi um conjunto de leis internacionais de combate à corrupção. Toda corrupção, se tem um componente em dólar, eles dizem: ‘a jurisdição é nossa’. Portanto, eles passam a impor a lei americana sobre a lei local. Isso explica o que acontece na Lava Jato”, argumenta Nassif.

Ainda de acordo com o jornalista, a cumplicidade entre o Departamento de Justiça americano e a equipe da Lava Jato se deu desde o princípio das investigações. “O Rodrigo Janot [Procurador-Geral da República] foi para os EUA para debater a operação com o governo americano”, lembra Nassif, que encerrou sua fala pedindo atenção com os objetivos finais de Sérgio Moro e sua equipe. “Uma coisa é combater a corrupção, outra é destruir um setor inteiro e entregá-lo ao capital estrangeiro.”                                                                                

O embaixador Samuel Pinheiro encerrou a mesa lembrando a Revolução Russa. O diplomata brasileiro criticou o processo célere de retirada dos direitos da classe trabalhadora, sem qualquer diálogo com a sociedade.

“Todas essas reformas que estão aí, começaram a ser articuladas antes, por Fernando Henrique Cardoso, Lula que havia estancado esse processo. Caminhamos para um modelo de sociedade pré-1917, antes da revolução russa, quando não havia qualquer fiscalização ou regra para o mercado de trabalho”, encerrou.

A abertura oficial do Congresso Extraordinário e Exclusivo da CUT será às 20h. Às 11h30 começa a mesa “Experiências de resistências sindicais”, onde será lançada a Jornada Continental.