Especialistas criticam reforma na CPI da Previdência

A CPI da Previdência no Senado ouviu especialistas que criticaram as projeções do governo e a falta de transparência das contas públicas. Para a  professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte Rivânia Moura, a  reforma previdenciária proposta pelo governo Temer representa um retrocesso na trajetória da Seguridade Social. Para ela, a “contrarreforma da previdência” nada mais é que o Estado priorizando a obtenção de superávit primário no Orçamento para poder pagar a rolagem da dívida pública. "Precisamos compreender que uma nação não se faz só com empresas e bancos, se faz principalmente com trabalhadores, os principais responsáveis pela produção da riqueza. Quem deve para a Previdência não são os trabalhadores, são as grandes empresas e os bancos", disse Rivânia.

Para ela, ao propor o enfraquecimento do sistema público de Previdência, o governo sinaliza que deseja a ampliação do mercado de previdência privada. A professora acrescentou que o maior gasto do Estado atualmente é com o pagamento da dívida pública, que gasta muito mais recursos que a Previdência Social.

Pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Guilherme Delgado criticou a falta de transparência das informações previdenciárias no Brasil. Para ele, o sistema de informação da Seguridade e da Previdência Social é muito pouco transparente, o que dificulta uma análise mais completa de sua realidade. 

Já o coordenador adjunto do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clóvis Roberto Scherer, afirmou que a reforma da Previdência terá o “efeito de Robin Hood ao contrário”, pois penalizará de maneira mais forte os mais pobres e os de menor renda.