1 a cada 4 idosos diz que prioridade em filas e ônibus nunca é respeitada

Um a cada quatro idosos avalia que as vagas prioritárias no transporte e o atendimento preferencial no comércio e em serviços “nunca” são respeitados no Brasil, aponta pesquisa Datafolha.

Ao mesmo tempo, os brasileiros com mais de 60 anos enxergam um respeito maior a essas regras do que o restante da população.

Em relação à prioridade no transporte público, por exemplo, apenas 14% dos entrevistados de todas as idades dizem que a regra é “sempre” respeitada. Entre os idosos, o índice sobe para 27%.

Atualmente, o ônibus é o meio de transporte mais comum entre os mais velhos, segundo o Datafolha. Entre os idosos, 51% dizem usar esse tipo de transporte no dia a dia.

Na comparação com outras faixas etárias, esse índice só fica abaixo do obtido entre jovens de 16 a 24 anos: 55% deles usam ônibus.

Além da reserva de assentos, o Estatuto do Idoso que o transporte público urbano seja gratuito para quem tem mais de 65 anos.  

O preço da passagem de ônibus é, em média, 17% maior devido a gratuidade para idosos, pessoas com deficiência e outros grupos, como estudantes, segundo levantamento da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). O grupo defende que essa conta seja paga pelo Estado.

Outra discussão é sobre quem deve receber o benefício. Apesar de a lei federal estabelecer a gratuidade para pessoas a partir dos 65 anos, alguns municípios dão esse direito a idosos a partir de 60.

É o caso de 23 cidades —inclusive capitais como Belém, Cuiabá, Manaus e São Paulo—, de acordo com  levantamento da associação das empresas do setor.

Para o vice-presidente do Conselho Nacional da Pessoa Idosa, Amin Aur, 83, o transporte urbano está “mais ou menos equacionado”.

Ele vê problemas, no entanto, no acesso ao transporte interestadual e interurbano. Hoje, o Estatuto determina que devem ser reservadas duas vagas gratuitas por veículo para idosos com renda de até dois salários mínimos, além de desconto mínimo de 50% do valor da passagem para esse público nas demais vagas.

“Você percebe que o idoso, quando vai requerer os lugares a ele reservados, sempre [os encontra] lotados ou ocupados”, reclama Aur.

O problema também é percebido pelo promotor na área do idoso do Ministério Público de São Paulo, Delton Pastore. “Dois assentos [gratuitos] é muito pouco. Recebemos muita reclamação em relação a isso”, afirma.

A Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal, Interestadual e Internacional de Passageiros) informou que orienta as empresas afiliadas a seguirem as determinações da lei. 

“Se há reclamações quanto ao atendimento dos benefícios, por parte de determinadas empresas, elas podem decorrer do fato de que algumas viagens já estejam com sua lotação completa ou o beneficiário não tem os documentos necessários para a emissão das passagens”, disse a associação.

De janeiro a setembro do ano passado foram registradas 916 mil gratuidades para idosos no transporte rodoviário de longa distância, de acordo com os dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Isso representa 3,3% do total de 27,7 milhões de passageiros no período.

Da Folha