A antirreforma da Previdência e o julgamento do Lula

Desde outubro de 2017, o governo ilegítimo Temer começou a dar sinais de que não teria os 308 votos necessários para aprovar a antirreforma da Previdência na Câmara dos Deputados. O potente trabalho de mobilização feito nas bases eleitorais dos deputados, as manifestações, os protestos e os cartazes com a cara dos deputados favoráveis nas ruas, junto com a pressão exercida pela oposição aguerrida dentro do Congresso Nacional, transformou a votação dessa proposta perversa num grande impasse. 

O mercado, porém, é implacável. Este governo golpista sabe que, se deixar de sinalizar com a aprovação dessas maldades, cai antes do tempo. Aliás, só foi constituído para fazer o Brasil voltar a ser uma grande senzala.

Diante da ausência de votos na Câmara, tem mais um elemento determinante a ser levado em conta: o fator Lula. Muitos deputados não querem se indispor com o ex-presidente, uma vez que, apesar da perseguição jurídica e midiática, ele lidera todas as pesquisas e está na iminência de ser um candidato viável e vitorioso.

Como o Lula tem afirmado que o primeiro ponto do seu programa de governo será a realização de um referendo revogatório sobre as reformas aprovadas, a remoção do entulho neoliberal do golpe, dentre elas a famigerada reforma da Previdência, ele baterá durante a campanha de frente com quem aprovou uma maldade deste tamanho para o povo trabalhador. A maioria dos deputados já está de olho na reeleição ou na disputa para senador ou governador de estado.

Assim, o núcleo de inteligência do golpe operou mais uma vez e antecipou a data do julgamento do recurso de Lula para o dia 24 de janeiro no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre, na estratégia de condená-lo, mesmo sem provas, em segunda instância, para tentar impedi-lo de se candidatar. Em tempo recorde, o desembargador João Pedro Gebran Neto, relator do processo no TRF4, curitibano e amigo pessoal do juiz Sergio Moro, já concluiu o seu voto.

Por isso, marcaram a votação da antirreforma da Previdência para o dia 19 de fevereiro. Como o mercado espera a condenação em segunda instância, eles acreditam que ficará muito mais fácil persuadir o grupo de deputados indecisos, que neste momento não querem se indispor com Lula, para atingir os votos que faltam. O governo quer satisfazer o mercado, financiador do golpe e das campanhas eleitorais.

Com o fator Lula, a inteligência do golpe quer tirar do ex-presidente o direito de concorrer e aprovar essa antirreforma que jamais passaria com um governo eleito pelo povo.

Essa situação impõe o seguinte cenário para lutadores e lutadoras sociais: defender a Previdência é defender Lula. Portanto, temos que continuar “marcando na paleta” os deputados e as deputadas em suas bases eleitorais durante o recesso e nas férias. Desde já, é fundamental programar atos nos aeroportos a partir da retomada dos trabalhos do Congresso no final de janeiro e organizar a greve geral em fevereiro, pois a votação foi marcada na Câmara. E precisamos acompanhar o julgamento do ex-presidente no TRF4, na capital gaúcha. Eleição sem Lula é golpe! Eleição sem Lula é fraude!

Derrotar a antirreforma da Previdência e garantir a candidatura de Lula são desafios que estão postos e devem unir os que lutam e alimentam o sonho e a esperança de virar a página do golpe e construir o presente e o futuro da classe trabalhadora com democracia, respeito à Constituição, justiça e dignidade.